O silêncio, o buzz work e a celebração

"Traditionally, silence has been (incorrectly) seen as an indicator of focus. We all know that silence may mean compliance, but we also know that silence doesn’t necessarily mean engagement. That said, silence has its place in the classroom, so long it’s managed effectively."

Hoje estive com 2 grupos de estudantes, numa sessão sobre métodos ativos. É uma sessão desafiante para mim e para o grupo, são convidados/as a fazer muito trabalho e a refletir nas práticas que usam. Ando pelo auditório a gerir respostas, a ouvir os grupos. Os/as estudantes participaram, quer através do Mentimeter, quer através de Finger Voting, quer através do uso da bola. Na minha – sempre presente – insegurança, perguntei no fim a pessoas (não estudantes) que foram assistir o que acharam. Nas duas sessões, a resposta foi semelhante

"eles estavam a falar, muito barulho"

"existiam ali dois que não se calavam"

Vim a pensar para casa

"A sessão terá corrido mal? Em ambas tive perto de 70% de participação no Mentimeter, participações com sentido, ninguém pôs palavras estúpidas nas nuvens de palavras, os/as estudantes bateram-me palmas nas duas sessões e numa delas até duas vezes. Tive perguntas no final e tudo. Estarei eu em negação? As aulas no IST eram assim e até ganhei prémios pedagógicos, certo?"

Depois voltei à base, à minha investigação e às minhas leituras: nós entendemos (erradamente) o silêncio dos/as estudantes como envolvimento. Gostamos de uma sala silenciosa, em que alguns estudantes (as Anas Catarinas!) falam quando são expressamente convidadas a isso, porque isso é “atenção” e “respeito”.

Eu não quero isso, nem gosto. Estudei pedagogia. Uma sala silenciosa isso sim significa que estou a fazer algo errado. Quero um ambiente confortável em que sim, alguns estão a falar de outras coisas e que sim, vou ter de pedir silêncio pontualmente mas se isso for uma minoria, é o normal certo?

Em nenhuma aula temos 100% de adesão. E é ok. Estou com adultos. O silêncio para mim não é ouro. Os/as estudantes levarem ideias próprias da sessão para casa é que é. E isso não joga com 2 horas de silêncio… Amanhã estarei com mais dois grupos, a celebrar o buzz work – o som da colaboração.

E sim, se eu como introvertida consigo gerir isso, aposto que também conseguem 🙂 Vamos celebrar o envolvimento em vez do silêncio?